Esse bairro aspira poeira
os mil concretos
armados – ebulindo
numa quizumba
de furos e pinos e vergalhos
torcendo e transpassando
aquilo vertiginoso
e viril
esse bairro tem mil gentes
passam – na pressa
ou malemolengas
transando mil tarefas
de ir nos bancos
ou mercados
feiras ou cinemas
botecos ou rodízios
ou
m a s
passam
um
passo
e outro
um rosto
mixa-se
noutro
e passa
dúbio
em outro
rosto que funde-se
noutro e num e num e noutro e mais
os passos
podendo ser
de toc toc cínico de salto
ou soft tênis com solado largo
e tilintar agônico dum chaveiro
m e t á l i c o
funde-se rosto e passo
e rostos e passos e assim
se passa a vida pulsando
esse bairro
aspira poeira e é
t o d o
algo chamuscado
algo irregular
algo torto ou
retorcido
esse bairro
é
construção sobre
ruína.
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